Bancos de Jardim (Imaginação do momento)

As vezes o que precisamos é somente tempo para pensar, a vida dá muitas voltas que nos dão uma
revira-volta no estômago e a fome de amor que sentimos acaba-se, o que era realmente para nós
estarmos um com o outro morreu e agora não passamos de um simples banco de jardim vazio no 
meio das gotas azedas de chuva que caem sobre as pernas e nos gelam o coração. O tempo passou e 
não esperou por nós e a única opção que encontramos foi deixarmos os bancos de jardim no sitio que 
estão, deixa-los no meio das folhas e esquermos que eles existem e que algum dia nos sentamos neles,
como um casal perfeito. Mais uma vez, o tempo passou mas a mágoa era tanta que já nem nós 
mesmo quisemos ir com ele, preferimos ficar a congelar no meio de glaciares enormes, que um dia 
foram o nosso amor, mas que gelaram e hoje não passam de meros cubos de gelo, como os nossos 
corações. E lá estão os nossos bancos de jardim, sempre no mesmo sítio, e repara, sempre que passas
lá não vês diferenças, continuam com o mesmo ar, encharcados pela chuva dos nossos olhos, 
movidos pelo vento do nosso nariz e cobertos de folhas, que caíram, tal como nós, e que nunca 
mais se levantaram, foram levadas pelo vento, até se desgastarem por completo, e desaparecerem, tal 
como o nosso amor. Mas o tempo não espera, e se algum dia queremos ter alguma coisa da vida, 
temos que lutar pelo que queremos, temos que ir arranjar forças a algum lado, pegar nos bancos de
jardim e leva-los ás costas para a beira mar, onde podemos apanhar a brisa do nosso amor, molhar os
pés com as lágrimas passadas e passar a mão na areia, que nunca desaparece, como nós.